segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mulheres Vitais – Parte I


O sorriso dela denuncia algo. Um agradecimento diante do fato de considera-la autônoma. Precisa agradecer? Claro que não, ela se garante. Constante, está constante o seu zelo. Movimenta mulher, movimenta e esteja ciente de que em breve chegarei até você. Por quê? Ouça esse cd com músicas previamente escolhidas, explanando as nossas possibilidades relacionais. Ai, às vezes o coração dói. Eu sei que não foi obrigada. Entendo a sua função que é primordial para o andamento da estrutura. Não corra, dance. Não grite, cante. Para aquele público que veio te assistir buscando ares de revolução. E depois de seu empenho em satisfazer a demanda psíquica, você vem ao meu encontro e diz que está cansada. Quer uma massagem? Sempre é o que você me diz. Comprou o óleo. Já tenho. E ela diz que quer entrar no meu mundo. Mas o mundo não é meu, nega. Você construiu algo e quero compartilhar, mesmo que seja transitório, mesmo que seja. Na noite terminamos entrelaçados com nomes cortados, gemidos desvelados e gozos transtornados. Você deitada nua de bruços apontando todas as possíveis nuances de um amor sem fim. E eu cético em pensar que você pode ter amores sem fim. Amores não, um só amor. É? É. E quem seria esse grande amor? Ainda não descobri. E nessa possibilidade de descoberta do amor sem fim, observo-a indo ao banheiro. Fico frustrado por ela não apontar a mim como esse amor sem fim. Talvez ela tenha feito isso de propósito, pois ela sempre brincou com minha vaidade. Talvez tenha percebido o quanto a amo e ter essa certeza da reciprocidade seria de um ganho imensurável. Ela volta com um sorriso irônico. O que foi? Tava esperando alguma coisa de mim né. Talvez. Nada que possamos deixar de fazer por causa de resposta. É, nós nos entendemos, transamos, dançamos, cantamos em conjunto. É, deita aqui...