quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Preto de m...


Descolado do meu senso
Sinto-me pesado
Leso
Intenso
Percebo a merda que faço
Sendo homem preto
Pois é
Mesmo não querendo
Objetifico a mulher
A mulher preta
Sou culpado
Pela solidão da mulher preta
Não é questão de me colocar disponível
Acessível
Porra
Não é
Empoderar poderia ser
Se eu quiser
Não depende do meu querer
Pois é
Um papel de desconstrução
Turbulento
Entendimento
Privilégio se despregando
Lento
Realmente
Ando lento
Minha solidão é remendo
Minha escrotidão
Sentimento
Posso fazer algo
Posso
Não ser alguém a se espelhar
Alguém que vai salvar
Alguém que vai compreender
Alguém que vai amar
Calma lá
Não sou um príncipe preto
Sou um merda
Aceito
Preciso aprender
Rever o conceito
Mulher preta
Merece poder
Entendimento
Respeito
Minha insignificância
Tem o respaldo
Da instância
Da dose
Criem expectativas
Saiam do léxico
Homem preto
Quem nem eu
É um desserviço completo...

 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Putz

Hoje deu vontade

De fazer umas inscrições na pele

Sem necessidade de recorrer a sintaxe

De praxe

Nem sei como me sinto

Quando tropeço

Vacilo

Talvez um merda

Quem sabe um escroto

Um sujeito besta

Oco

Consumido por impulsos

Que são inevitáveis até a página 3

Xadrez

Sempre joguei

Mas nunca fui bom

Bebo vinho

Absinto

Cachaça

Cerveja

Água

Até agora nada

Uma piada mal contada

É o que me torno a cada minuto

Não reivindico absurdo

Concordo com tudo

Sobre minha pessoa

O tempo

O espaço

O desejo

O contato

Tudo é besteira

Quando se escorrega de fato

Não tenho muito tato

Mesmo assim a vida deve interessar

Pra alguém

Hoje acordei com uma sensação

De ter feito uma merda

Daquelas grandes

Devo ter feito

Pagamento aceito

Preciso vomitar...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Amor Preto 6



Criei um dispositivo
pra te livrar do perigo
toda melanina
a seu serviço
meu canto
não te deixa
de canto
quando posamos pros ancentrais
aliás
sem purismo
quando os pretos se amam
nos dias atuais
desviamos das taras
das balas
pleiteamos casas
esqueceram que os alicerces
foram frutos
de nossos sexos
nossas vestes
nossas mãos
cheias de cimento
de sabão
construindo prédios
esfregando chãos
e a melhor roupa
no dia do pagamento
prova de amor
continuidade de sustento
enxerto de lamento
cômodo calorento
sagaz
deveras cinzento
pelo emboço
momento
as pretinhas e os pretinhos
rindo com o parar
a preta e o preto
acostumados com o olhar
sem a mão pesar
com o peito a acolher
os dias a gozar
devemos continuar
buscando um sentido
buscando um lugar
pra sempre posar
amor preto

continue a regar...