segunda-feira, 30 de março de 2015

Enfrentamento



Existe o conformismo
Também existe a influência
Existe a condolência
Quando a ideia é rasa
Quando a proposta vaza
Ameaça, ah, ameaça
Toda uma hegemonia icônica
O desespero toma conta
Tentativa de ser brusco
Vem à tona
Ainda temos a tônica
Da descolonização
Tá pensando o que?
Aceite apenas que não seremos
Mais seus servos
Compartilhando a sua pedagogia
Para ser abatidos como cervos
Por gente treinada pelo Estado
Que não abandonam os cedros
Da eliminação seletiva
Daqueles que pensam
Daqueles que se reconhecem
Em outros do mesmo matiz
Não se perca em seu ódio
Pois defendemos a revolta
Também o ócio
A batucada
Também a retomada
O corpo fala
Não aceita mais a enxada
Para limpar o seu quintal
Nem a migalha
Para limpar a sua cozinha
Imagina essa cria
Com habilidades em medicina
Atendendo a sua filha?
Não!
Existe outra condição
Pés e mãos construíram a farsa da Nação
Agora querem realmente a retaliação
Nos livros, nas propostas, no coração
Sem birra
Sem histeria
A pele reluz
Sem fazer o sinal da cruz
Aprenda uma coisa
Seu desejo de cárcere
Não eliminou o fundamento
Sua tentativa de cúmplice
Não enganou o sofrimento
Do mar viemos
Na terra marcharemos
A construção
A autonomia
É preta
O tempo é nosso
Não mais trememos
Para você só resta dizer
_Oremos?


segunda-feira, 16 de março de 2015

Deception


A decepção é um prato raso
De comida fria e pesada
Come tudo, mata nada
Só deixa o peso encostado
Balaço
É você perceber o cansaço
Do esforço em ambientes escassos
De levantar alguém sem nenhuma perspectiva
Mostrar que existe mil e uma saídas
Pretensa autonomia
Cospe na sua boca
Dança na sua agonia
Rompe contigo
Cai na letargia
Sonhando com o engano
Sonhando com o abandono
Sonhando com a merda toda
Agora onde estamos?
Sei lá
Não importa tanto
Se o prato raso
For motivo de quebranto
Racha o prato vai
Vomita a comida vai
Preciso de um novo norte....


quinta-feira, 5 de março de 2015

A dúvida do Santo



Nossa carne é equivocada
sentimento
desejo
piada
sua intimidade filmada
em nome da segurança que nunca vem
liberdade condicionada
a praia é particular pra quem tem um vintém
alguém compra um copinho de água mineral
alguém compra um biscoito de água e sal
vomita, pois o crack rejeita comida
indigentes em ondas suicidas
somos atropelados na Avenida Brasil
nosso currículo é jogado no funil
formação descontinuada
exército de reserva, matéria crassa
projetos, trajetos de uma nação
corpo busca direção
corpo busca uma solução
9 mm ou fuzil?
Puta que pariu
mais um motor
de um pulha que chamam de doutor
quem aceita a condecoração
um prêmio pra incompetência mórbida
sórdida
o sorriso da madame hipócrita
o bolo tem gosto de cereja
reclamações com o garoto enxaqueca
do pó viemos
do pó voltaremos
não se esqueça
Deus põe em cheque o santo
o santo fica em prantos
o santo tá em prantos
tá em dúvida
a humanidade terá mais quantos anos?
Planos!
Planos?

Planos...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Prisioneiro X


Estamos presos e nem sabemos porque
o pretexto é a segurança
somos perigosos, não há de que
técnicas de habilidade e manuseio
apuradas pra momentos sem receio
estranho
a maior prisão do mundo fica no deserto
estranho
a prisão privada já tem apoio e credo
tento atravessar a fronteira do direito humano
e me torno inumano
a cada pedido de explicação
não sabemos a condição
nem a missão
muito menos a motivação
do controle da renda e divisão
legítimo
é o controle
e a expiação
da urina depois de um dia de chacina
ou do sangue depois de um dia
pendurado no arame
corramos atrás dos alto-falantes
os nomes dos meninos e meninas são cortantes
assim como a falta de sol
pra aqueles que derrubaram o farol
rasgaram o lençol
explodiram bancos
detonaram o paiol
infeliz é o mundo
que mais gente empunha armas
pra detonar os canalhas
apátridas
somos apátridas
de gestos, vícios, sentimentos
brasas
de uma centelha de atiradores de elites
armas a laser
a modernidade provou a lealdade
a pessoas polidas
a homens de fraque
mulheres de gases cheirosos
e capachos sem consciência do ilusório
só incendeio a rebolada
diluo a breja gelada
conto até 10
e não vemos nada
olha a sacada
homens e mulheres revoltados
com revolveres, espingardas e navalhas

cartada...