segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Big Bang se evita? (Sai Faísca)


Deus impediu o Big Bang?
pelo jeito não
e pelo jeito você quer evitar
não o Big Bang
mas o meu olhar
não o Big Bang
mas o meu tocar
não o Big Bang
mas toda a forma de interação
que faça você perder a linha
e que não faça nada daquilo que planejou
para sua vida
mas não evita
mesmo que saia faísca
mesmo que exploda tudo em volta
mesmo que nos perca de vista
toda qualquer tipo de proposta
não baixe a cabeça
não evite seu corpo
não escute os amigos
venha para meus braços
e vamos tornar nossos braços
venha para o meu corpo
e vamos tornar nossos corpos
venha, venha, venha
pois o Big Bang não se evita
pois o Big Bang não se evita

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Reflexos Masculinos Parte V


Talvez sejamos um bando de desajustados. Procurando um lugar para se encaixar, mesmo sabendo que não existe nenhum lugar com as caracteríscas tão almejadas por nós. Pedreiro, carpinteiro, auxiliar de alguma coisa, professor de matéria nenhuma, ouvinte da ópera obliqua, técnico de som de uma bande de Noise, limpador de esperma de cabine erótica, catador de bolinha em campo de golfe, incentivador de animos que estavam exaltados, explorador da caverna sem luz, ser o transito para mulheres que querem experimentar... Tantas coisas, tantas possibilidades e o vazio continua. Estou com uns trocados, vou tomar um açaí e ir para a beira da praia ver o mar. Clichê! E daí, já que não nos encaixamos em lugar nenhum, o que é clichê mesmo? Hahahahahahaha. Vamos dar risada dessa porra e chamar a preta favorita para uma noite de sexo sem compromisso. Compromisso! Não conseguir um fechamento a essa hora da vida é foda. É foda também fazer as coisas acontecerem como planejado. Cobrança, cobrança, cobranca caralho! Estou escondido em baixo da cama, diz que eu não estou. Já tô sabendo da novidade e não tenho nada mais a fazer. Doar até as forças se esvairem. Todos os sintomas apontam para o óbvio. Você não se encaixa em lugar nenhum, seu merda. É acordar sozinho, escutar as músicas favoritas sozinho, ver filmes interessantes sozinho e praticar a proposta revolucionária com outros bandos de desajustados. Quer dizer, proposta revolucionária é uma pretensão diante do que é proposto, pois na verdade é mais uma tentativa de se encaixar em algo. Desajustado não é um bom termo, seria melhor “uso como dispositivo transitório para experimentações mais significativas”. Vamos chegar de mansinho para não atrapalhar o amor do casal. Cuidado para não tropeçar nos fios. Preste atenção, pois pode derrubar o copo de café. Não faça barulho, a fala dele é interessante. Já terminou de usar aí? Gostaria de limpar a sala. Você virá aqui hoje? Não! Um dia consigo montar o cubo mágico...

sábado, 17 de setembro de 2011

Redes Escolares


Os panos tateam o chão

a sujeira insiste em ficar

bons dias dados em vão

celulares não param de tocar

correm nos corredores

atravessam ruas

olharam torto

cabelos com tranças

denotam imponência

que a sala iluminada

tenta destituir

eles forçam a porta para entrar

o papelão é rasgado para ajeitar

sussurra-se o nome dela

justamente para ela ignorar

não se gosta de estudar

o ventilador é ligado

para apenas um agradar

olhares curiosos

de sentimentos maldosos

criam indivíduos malcheirosos

de conhecimento descartável

não entendi

o horário é solicitado

obrigado

muito grato

quem está ali?

Ninguém

a dispersão

o susto da avaliação

mande beijos e abraços

chutam a abertura sem embaraço

não tem jeito, nem sou zuado

gritaram no meu ouvido

caralho...

é o sinal para de descrever

coisa alguma.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Homem Vencedor


Os poderosos estão incrédulos

Existem homens que estão em fúria

formatam propostas e sobressaem a injúria

compactam momentos em que não eram nada

barricadas, as barricadas estão formadas

corações não dão chance para erro

as vozes ficaram roucas

eles gritam

meu povo luta por liberdade

a tarefa é hercúlea

segunda, terça, quarta, sexta-feira

os preparativos correm solto

olhos em chamas

passos em chamas

atitudes em chamas

praça em chamas

as rosas, os cravos, o lírios

serão distribuídos a cada tarefa cumprida

educados para o dia da glória

cantaremos para nossa vitória

o ímpeto revolucionário

só que talvez o homem vencedor

não esteja afim de pegar em armas

recusam as flores

tem ojeriza as chamas

não gritam

e ignoram os poderoros

O homem vencedor

somente está buscando o saber

para deixar de ser enganado

olhar a mulher com firmeza

se livrar da sina de coitado

correr do perigo com mais facilidade

ou apenas ter mais coragem

para fugir da sabotagem

instruído para rasgar o manifesto

e sempre omitir o nome completo

Ah, o mundo precisa de homens vencedores

eles ao menos tem vontade

de queimar seus próprios corpos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Homem Resignado


Ele olha pro nada

com sono

sem sono

disputando as honras

de não ter nenhum trono

nem medalhas

nem tomos

Revelações disseram

que não conquistaremos porra nenhuma

coloque as mãos no bolso

fale alguma bobagem

dê risada

sustente a tese

de que nossos atos não são importantes.

Olha como estão seus passos

cadenciados

contados

respaldados

por quem?

Pelo frio

Foge do calor

ódio ou amor

beijo ou rancor

Abraços?

De quem?

A hospitalidade anda em baixa

os homens estão em baixa

conhecem os homens e se estranham

reconhecem cores e se arranham

durmo sem incomodo

sem choro

risco de abandono

desvio do mijo

ele acerta a cabeça do apressado

não estou incomodado.

sábado, 18 de junho de 2011

Homem Derrotado


Eles querem ser notados

Redes Sociais, Contratos

Alimentações, Respaldos

para exatamente chegar a algum lugar

Chegou? Está bem?

Eu estou lesado

por esforços desregrados

e o final um abandono laico

Coitado?

Coitado é o caralho...

Hum, a garrafa de vinho acabou

ficamos bêbados

você entornou

as notas, as provas

o resto deletou

Insignia de pessoa talentosa

Pode dizer

sua medrosa

Estou acostumado

a ser o ato falho

de mulheres curiosas

Quebrarei as costelas

Usarei o aspirador

Não queremos que surja nada

nem se volte nada

Redações de momentos bruscamente interrompidos

Apenas por causa de bobagens sem tamanho

To puto

mas quem se importa?

Notados, redes sociais, respaldos

Tenhamos

Pena que hoje

Mijaram na minha cabeça...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Reflexos Masculinos Parte IV


Acordo com o peso de uma tarefa não cumprida. Indefinido será o manifesto lido em praça pública para que abandonemos nossas convicções em busca de algo realmente válido. Por que tô falando essa porra hein? Escovar os dentes, lavar o rosto, tomar um bom café preto. Rotina ritualística propulsora de atos altamente previsíveis. Porra, tá chovendo pra caralho. Não saio nem em decreto. A chuva já parou? Não, foi engano. Coloco aquela música básica e nada, a chuva parou, tenho que meter o pé. Pois é, sair e fazer coisas óbvias. Pois é, fazer as coisas novas. Novas? O que é óbvio não é novo. Vamo encarar a realidade. Homem trabalhador assalariado com a cara de desconfiado, tentando arrumar meios e modos de sobreviver. Eu bem que queria ter condições de sobreviver. Sério? Até que você está com uma carinha boa, engordou? Olha, se todas essas características fossem motivo de se dizer que tá bom, putz. Pra onde tenho que ir mesmo? Lembrei, mas antes tem um café na padaria do Portuga. Padaria do Portuga? Uma história quase que universal, uma obviedade quase que natural, tudo isso misturado com a quase não percepção dos espaços em que vivemos. Caralho. Meu corpo anda cansado. Minha mente anda insegura. Meu pau nem sobe direito. Minha preta fica bolada com minha pouca potência. Habilidades expostas com um mínimo de coerência e as possibilidades de alguém gozar de fato, ah, gozar de fato é mínima. Ando a flor da pele e que eu queria mesmo é chorar e chorar. Nem dá. Dois cafés matinais depois, um em casa e na Padaria do Portuga, vou a trabalho. O trabalho. Ah meus Deus, o trabalho. Não quero descrições sobre o trabalho. Tchuru, tchu, tchu, tchu, tchu, tchuru, tchu, tchu, tchu, tchu. Acabou o trabalho, a preta me liga. Sexo! Aff. Em um território de obviedades...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Reflexos Masculinos – Parte III


Tentativa esdrúxula de colocar ordem dentro de um cubículo. Sensação claustrofóbica é redundância. Fios de contato vão escapando por entre os dedos. Você não diz nada. Preserva-se. Só me oferece as trevas. Enjoou. Perdeu o encanto. Que seja. Quanto mais profundo invadimos, as fugas se tornam constantes. Bobo demais. Carente demais. Sensível demais. Droga. Devo lembrar o momento exato do tiro e você se abaixa em busca de proteção. Tá bom, sou eu que deveria ter te protegido. Tá bom, não quer mais aparecer. Porra, esse jogo para tentar saber até onde posso ir, está me enjoando. Por que provoca? E por que tenho que ter sempre uma postura que está tudo safo? Minha mente anda pulverizada diante de tantas incertezas que você apresenta. Acredita mesmo que eu seja capaz de suportar esse tipo de relação sem ter nenhuma sequela? Acredita? Ah, fique com os caras prendados, que te enxergam como docinho, com a princesinha pura e imaculada. Tô cansado e já meio puto de tolerar atrasos. Não a sorrisos falseados, nem lamentos programados. Querem chegar a algum lugar né. Eu não. Eu tô puto demais para querer ir a algum lugar. Nem sonhar eu quero. Para de projetar nossa vida em conjunto, pois nem um vinho você tem a capacidade tomar comigo. Tô puto, muito puto. Quer se preservar? Então se preserve. A culpa é minha mesmo. Sempre gasto energias por pessoas que valem a pena...