Acordo com o peso de uma tarefa não cumprida. Indefinido será o manifesto lido em praça pública para que abandonemos nossas convicções em busca de algo realmente válido. Por que tô falando essa porra hein? Escovar os dentes, lavar o rosto, tomar um bom café preto. Rotina ritualística propulsora de atos altamente previsíveis. Porra, tá chovendo pra caralho. Não saio nem em decreto. A chuva já parou? Não, foi engano. Coloco aquela música básica e nada, a chuva parou, tenho que meter o pé. Pois é, sair e fazer coisas óbvias. Pois é, fazer as coisas novas. Novas? O que é óbvio não é novo. Vamo encarar a realidade. Homem trabalhador assalariado com a cara de desconfiado, tentando arrumar meios e modos de sobreviver. Eu bem que queria ter condições de sobreviver. Sério? Até que você está com uma carinha boa, engordou? Olha, se todas essas características fossem motivo de se dizer que tá bom, putz. Pra onde tenho que ir mesmo? Lembrei, mas antes tem um café na padaria do Portuga. Padaria do Portuga? Uma história quase que universal, uma obviedade quase que natural, tudo isso misturado com a quase não percepção dos espaços em que vivemos. Caralho. Meu corpo anda cansado. Minha mente anda insegura. Meu pau nem sobe direito. Minha preta fica bolada com minha pouca potência. Habilidades expostas com um mínimo de coerência e as possibilidades de alguém gozar de fato, ah, gozar de fato é mínima. Ando a flor da pele e que eu queria mesmo é chorar e chorar. Nem dá. Dois cafés matinais depois, um em casa e na Padaria do Portuga, vou a trabalho. O trabalho. Ah meus Deus, o trabalho. Não quero descrições sobre o trabalho. Tchuru, tchu, tchu, tchu, tchu, tchuru, tchu, tchu, tchu, tchu. Acabou o trabalho, a preta me liga. Sexo! Aff. Em um território de obviedades...