O corpo está imóvel. A tentativa de movimento é em vão. Não entendo. Tento mover os braços. Negação; tento mover as pernas. Negação. Abro os olhos com dificuldade de entender o porquê da abstinência. Visão turva. Um corpo cinza, disforme, bailando no prisma. A mente não filtra as cores. Perto, longe. Cadê o corpo? O som se propaga. Chave, roupa, cinto, elástico. A respiração descompassada. Agora que percebo isso. Onde estou? Sinto frio. Moscas pousam no meu corpo. Será mosca mesmo? Algo macio nas minhas costas. Tento jogar-me para esquerda. Sem forças. Mexer nos lábios. On... on... on... Onde estou? O cinza toma minhas entranhas. Desespero. Algo macio percorre meu rosto. – Você é bom! Uma frase. Bom? Não consigo me mexer. Não consigo entender. Os dedos dos pés se movem. Os dedos das mãos se movem. Viva! Formas, formas. Uma mulher? Uma mulher! Indo embora. Calma ae, não vá! – Tenho que ir, amanhã acordo cedo, foi muito especial hoje, te amo, tchau! Ainda não entendo. Movo para esquerda. Consigo. Minha perna se move. Coloco os pés no chão frio. Arrepio. Frio. Estou pelado? Por que? Caminho. Reconheço móveis. Reconheço cômodos. Banheiro. Torneira e pia. Água fria. Rosto ensopado. Mente no tranco. Eu transei e gozei. Com a mulher da minha vida...
segunda-feira, 19 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
Cancioneiros
Diante de bons motivos para apalpar sua carne
Me deparo com pele mórbida, porém oleosa
A morte que dá tanto tesão
A vida dos desamores perdidos na atração
E na sua tentativa desesperada de espairecer
Eu como pára-raios esperando tudo acontecer
E tudo vira piada
Construída na tábua rasa
E no final eu vou pra casa
Ficar com o travesseiro sozinho
Já tenho um imenso ninho
Com sentimentos alheios
E uma gaiola de ferro
Só com desesperos
E um número para ligar
Quando eu enjoar dos erros
E depois de analisar
Vivenciar
Experimentar
E até mesmo
Uivar
Essa é boa
Só me resta cantar a canção
Canção do lugar-comum do coração
Me deparo com pele mórbida, porém oleosa
A morte que dá tanto tesão
A vida dos desamores perdidos na atração
E na sua tentativa desesperada de espairecer
Eu como pára-raios esperando tudo acontecer
E tudo vira piada
Construída na tábua rasa
E no final eu vou pra casa
Ficar com o travesseiro sozinho
Já tenho um imenso ninho
Com sentimentos alheios
E uma gaiola de ferro
Só com desesperos
E um número para ligar
Quando eu enjoar dos erros
E depois de analisar
Vivenciar
Experimentar
E até mesmo
Uivar
Essa é boa
Só me resta cantar a canção
Canção do lugar-comum do coração
sábado, 3 de maio de 2008
10 Poemas para alguém gostar de mim.
I
Hoje acordei com vontade de escutar aquela música
Aquela mesmo que te mostrei outro dia
E você não de nenhuma importância
Ingrata
Se eu acreditasse que nessa vida tudo passa
Eu te daria um foda-se
Mas porra
Sua presença ainda me incomoda
Assim como a Tv ligada ainda me incomoda
Vou apagar seu número do meu celular
A sua foto vou rasgar
Vou fazer a barba e conseguir alguém diferente
Para transar...
II
Tá gelado
E eu tomando um vinho
Fico bêbado
Enjôo
E vomito a casa toda
Deito no chão
E imagino uma mulher nua
Bato uma punheta
E a lágrima sai dos meus olhos
Durmo
E quando acordo
Tenho que limpar a sujeira
Só derrota
Preciso de alguém do meu lado.
III
Ando com prisão de ventre
E ninguém gosta de mim
Ando comendo mal
Mas nem sempre foi assim
O óbvio seria uma mulher para cozinhar pra mim
Mas aí eu seria machista
Pois cozinhar eu mesmo poderia fazer
Aí que tá
Ter prisão de ventre
Comer mal
E não saber cozinhar
É suficiente para conquistar mulher?
Talvez seja
Mas hoje prefiro
Resolver meus problemas imediatos
É mais fácil.
IV
Depois de ter marcado com ela
Mais uma vez
E ela ter furado
Como sempre
Eu me pergunto
Com quantas objeções
Eu deveria tomar vergonha na cara?
Já poderia ter partido pra outra
A bastante tempo
Resolvo sentar e contemplar
O rebolar
O caminhar
O beijar
Daquelas várias mulheres que estão bem ali
E eu arranjando uma estratégia para conquistar alguém
Putz
Tenho que para de ficar me lamentando
Essas porras não gostam de coitados.
V
Hoje eu acordei com uma imensa vontade
De dar uma foda.
Sexo para ter sentido
Tem que ser com carinho
Hoje o amor deve ter algum sentido
Mas eu quero mesmo é foder
Até as pernas bambearem
O discurso tem que ser mais coerente
Um bom sorriso para mostrar os dentes
Um agrado
Um afago
E um dinheiro para ir pro motel
Tem que parar pensar só em sexo
E tentar gostar de alguém de verdade
Só que hoje o que é verdade
É meu pau duro
E a vontade de foder
Ae, assim você não conquista ninguém.
VI
Ofereço o café
Pois estou com azia
Você não aceita
Diz que está sem açúcar
Diz que sou sem graça
Diz que não quer mais nada
Maldita azia
Vou a farmácia comprar um comprimido
E quando volto
Você já tinha ido embora
Pego o café e jogo fora
E meu sentimento brinco já não é de agora
O problema é esperar a campainha novamente tocar
E eu ficar enjoado de esperar
VII
Que merda de cigarro fedorento
E eu só agüento
Porque é você
Porra, não era para ser assim
Eu não suporto cigarro
Mas ainda suporto você assim
E aí
Quando irá mudar?
Quando vai arranjar um jeito para compensar?
Já não basta nosso sexo intenso?
Já não bastam carinhos, afagos e lamentos?
Já não basta?
Já não basta?
Apaga logo esse cigarro
Vai
Eu deixo você dar a última tragada
Não, não me deixa sem graça
Tava na cara que ia embora
Pois eu não mando em ninguém
VIII
Diante de bons motivos
De boas razões
De boas lições
De boas coisas
Para alguém ficar comigo
O que eu posso dizer?
Você
Conhecer
Perecer
Permanecer
Estático
Diante de tantos bons motivos
Ainda me preocupo
Se um dia ficarei sozinho
Talvez a preocupação seja a maneira
De achar que os bons motivos
Não sejam
Não sejam
Algo tão verdadeiro assim
Deixa os bons de lado
E ao menos tente
Tente me conhecer.
IX
Chego cansado do trabalho
E procuro a cama
Não existe cara feia
Pois moro sozinho
Tiro um cochilo
Mas preciso acordar para esquentar o jantar
Ninguém reclama
Eu moro sozinho
Comida insossa
Tv sem graça
E ninguém sente falta
Todo mundo sabe que o moro sozinho
Até gosto do ambiente
Dá para escutar meu eco
E o som da casa
Contrasta com minha solidão
Sem telefone
Sem campainha
Mas com muito sono
Então vou dormir
Pois moro sozinho
E ninguém irá me perturbar.
X
Gemidos furtivos
Que eu roubei de você
Líquidos escondidos
Que eu fiz você despejar
E lamber
Vi você crescer
Fiz você sentar
E de quatro eu pedi para você olhar
Quantos tapas
Quantas disputas
Quantos rachas
E despertávamos nus debaixo da escada
E o quarto trancado e o som alto
Para abafar seus xingamentos
Ninguém pode saber
Que você fala palavrão
E derrepente tudo acaba
E eu pensando que eu me esforcei
Te perguntei onde eu errei
E você voltou para a sua negação
Já tive tantos motivos para alguém gostar de mim
E tudo acaba terminando assim
Assim como?
Nada a declarar.
Assinar:
Postagens (Atom)