segunda-feira, 19 de maio de 2008

Vertigem


O corpo está imóvel. A tentativa de movimento é em vão. Não entendo. Tento mover os braços. Negação; tento mover as pernas. Negação. Abro os olhos com dificuldade de entender o porquê da abstinência. Visão turva. Um corpo cinza, disforme, bailando no prisma. A mente não filtra as cores. Perto, longe. Cadê o corpo? O som se propaga. Chave, roupa, cinto, elástico. A respiração descompassada. Agora que percebo isso. Onde estou? Sinto frio. Moscas pousam no meu corpo. Será mosca mesmo? Algo macio nas minhas costas. Tento jogar-me para esquerda. Sem forças. Mexer nos lábios. On... on... on... Onde estou? O cinza toma minhas entranhas. Desespero. Algo macio percorre meu rosto. – Você é bom! Uma frase. Bom? Não consigo me mexer. Não consigo entender. Os dedos dos pés se movem. Os dedos das mãos se movem. Viva! Formas, formas. Uma mulher? Uma mulher! Indo embora. Calma ae, não vá! – Tenho que ir, amanhã acordo cedo, foi muito especial hoje, te amo, tchau! Ainda não entendo. Movo para esquerda. Consigo. Minha perna se move. Coloco os pés no chão frio. Arrepio. Frio. Estou pelado? Por que? Caminho. Reconheço móveis. Reconheço cômodos. Banheiro. Torneira e pia. Água fria. Rosto ensopado. Mente no tranco. Eu transei e gozei. Com a mulher da minha vida...

Nenhum comentário: