sexta-feira, 16 de maio de 2014

Transporte Coletivo




E aí que estamos observando... O que? Pra que? Um cuspe no chão. No fone um batidão. Smartphone na mão e tudo vira ao avesso. Gesso, gelo, massagem, nada adianta quando o ponto de tensão vem da puta que pariu. Não adianta rebolar, se mexer, coçar ou muito menos rezar. Tá, rezar deve adiantar pra quem tem fé. Pois é, observar o olhar guloso da mulher diante dos trabalhadores em um canteiro ou imaginar o desespero da senhora branca quando percebe que uma senhora preta sentou do seu lado. Ou imaginar a neurose diante da posse daquele objeto cobiçado por milhares de pessoas e estando aqui, na sua mão, na sua mão. Aff! E se a melhor defesa é o ataque, o que é esse hematoma? É, esse aí, na sua cara, na sua perna, na sua alma? Entre observações vãs, tiras de lã servem pra te proteger do frio. Temos também essa pomada e caso sinta fome, temos um lanche. É muito experimento para um ser solitário, raso, que achava que sabia tudo sobre conversas e orgasmos femininos. Merda, medo de que ser apenas mais um, apenas mais um na multidão. Cor, dor, lágrima e camisa florida. Se é isso que te define, comece a gritar. Grite, perca um pouco da voz rouca que Deus lhe deu. Escreva um tratado de solidariedade e chame o seu inimigo para porrada. Rasgue as cartas, quebre as telas e se possível a cara. Dele, a cara dele, pois há de haver uma compensação no Mundo. Sei, o seu silêncio e sua curva me fez de otário durante muito tempo, e foi por insistir no processo de não querer ficar sozinho... Caí, realmente caí... Quanta chatice! Preciso descer. Puxo o sinal. Viro um sujeito norma ou quase. Atravesso a rua e vou pra base. Um dia de rotina! Dissemina...

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