quarta-feira, 29 de julho de 2009

Abolidos? (Versão Atualizada)


De posse da potência estigmatizada
A tez negra que representa a grande pegada
Alva pele sendo enquadrada
A textura do preconceito sendo gozada
O extermínio do fascínio da racialização
A falta de análise da potencialização
Cavalgando a negritude na rua de baixo
Enrabando o condicionado no apartamento decorado
O escroto dói, as pernas bambeam
O tiro destrói, os contratos claream
Já te disse o quanto sua pele brilha?
Já te disse que me dá prazer todo dia
A concubina maquiada não argumenta
O trabalhador com sua enxada não lamenta
Ô negão, para de reclamar
Ô negra, não para de rebolar
O membro grande, negro e duro assinando decretos
O corpo libidinoso, negro e formoso formando ministérios
A potência estigmatizada está no poder
Alvas peles de quatro esperam receber
Querem no útero ou no reto a sensação de prazer
A tez negra que fará você perecer
Entender, entender, entender
O que?
O seu descaso fez você morrer
Não dá mais para ir pro esconderijo
Aceite o seu negro caminho

sábado, 25 de julho de 2009

Tornar mais forte, mais ativa, mais intensa...


Cumplicidade
É o que busca
Mas o pique não ajuda
Pois o contexto não facilita
Qualquer tipo de saída.
Quantos caminhos são cruzados?
O muito é muito raso
E você caminha a passos largos
Pro meio do turbilhão
Os cabelos voam
O cento é forte
A sua vontade prevalece
E você finca os pés no chão
O vento pára
E você caminha lentamente
As ondas são provocadas
A provocação é tanta
Que você leva uma rasteira
Da onda
E seu sangue ferve
Quando bate de cara na areia
Alguém estende a mão
Você levanta
O seu corpo emana
A pulsão de intensidade
Você não percebe
Mas é o turbilhão em forma de carne
Que te deixa à vontade
Te demonstra a verdade
Mas o turbilhão não poderia ser carne
E você fica com raiva de verdade
Eis que de repente surge o insight
E você descobre realmente a intensidade
Os corpos que conquista
São apenas meias verdades
Pois gozar é o meio
Não é a finalidade
E a expectativa demonstra
Seu universo de vaidades
Os corpos são colados
Pois sua beleza é assustadora
Mas falar que você é bela
É clichê para qualquer pessoa
Você até boceja
Ai, que tédio
Parece que beleza é remédio
Mas não dá
Ha, o turbilhão voltando a cena
O vulcão explode sem pena
Quem irá colher a sua lava?
Quem cuidará quando estiver com febre?
Quem lhe levará para casa?
Quem despirá sua roupa com gosto?
Quem te colocará para ninar bem gostoso?
Então
Ventos, ondas, vulcões
A proposta seria descrever erosões
Erupções,
Explosões
Noção interessante da sua persona
E tá bem longe de ser a famosa Gioconda
Ainda bem
Descrevendo um aspecto da sua realidade
Vamos para por aqui
Contribuição gratuita da sua realidade
Só não pode falhar
Ih.....

sábado, 18 de julho de 2009

O Pescador


A sua subsistência é a sapiência milenar. As redes são trançadas, o barco adentra o mar. A rede é jogada. Peixes em abundância eu sei que vai rolar. Estar em alto mar. É a arte de pescar.
Tenho amigos pescadores que sempre cedem algum peixe. O rango escasso. Tem- se algo para acompanhar o peixe. Arroz fresco, feijão temperado. Peixe frito, peixe frito.
Conversamos sobre as aventuras dele andando pelo centro. Vários pescoçudos que fazem a coisa acontecer de um jeito imprestável. Ouvem mais do que deveria, sem palavras para completar as frases. As sílabas voltam, as letras faltam. O que mais? Fala mais baixo porra.
Paramos em um bar e ele continua explanando. Porra, já fico puto. Percebo um pescoçudo já se achegando. Já pesquei a sua aproximação filho da puta. Olho pro malandro para ver se ele pesca também, mas.... Perda de tempo. Encareto o pescoçudo. Encaro-o até ele se lugar. Se ligou?
Ah mano, não tá maneiro essa parada. Vagabundo não pesca o momento. Com nós é sem miséria nessa porra. Vai pro caralho. Nessa terra de pescador só tem pela-saco, atrasa lado e na verdade, os pescadores que fiquem com seus peixes e o resto que se foda!
Depois de um dia exaustivo enfrentando o mar com seu barco velho de guerra, eles adentram o canal. Espero ansioso o barco. Ah, finalmente, ate que enfim o olho de cão...

terça-feira, 7 de julho de 2009

A Areia Branca


Você me chama para caminhar na areia. E eu tentando cheirar o seu congote. Eu gosto muito dos seus beijos, mas aqui na praia não. Me deixa arrepiada, mas aqui não. Me deixa arrepiada. Recalcada do caralho e fica escrevendo esses nomes na areia, não fode!
Estávamos a fim de dar um caldo no amigo, pois ele está fazendo aniversário. Olha La, todo mundo com medo do cara. Vai lá, vai lá, vai lá, vai lá. Porra, eu vou. Dou-lhe uma rasteira e a galera junta para jogá-lo no mar. E ninguém reconhece o me feito. Grande feito!
Eles brigam por causa de um gol mal anulado. Jogar na praia é uma merda. Vinte para cada lado e o gol não sai nunca. Demora uma hora e pra baixo e pra cima ficam os caras tentando e nada. E justamente quando sai o gol, puta merda, a confusão. Putz!
A areia branca bate nos olhos. Ela incomoda. Tento pegá-la. Dá aflição. Imensidão. Tatuí. Já os comeu fritos? Eles dizem que isso é belo. É. Vamos correr? Talvez em uma semana você acostume. Sim. Vamos? Sim. As marcas dos seus pés ficam na areia. E o mar apaga!
Estávamos a fim de fumar um baseado. Ele só tinha um fininho. Fomos para a areia. Fumamos tranqüilo. Sobrou apenas uma ponta de papel queimado. Enterrei na areia. Os porcos vêm sedentos. Cadê o bagulho? Não tem nada um deles ajoelhou na areia e começou a fuçar. Quem nem cachorrinho. Deu vontade de rir, mas poderia levar um pescoção. O outro não satisfeito usou a lanterna e chutou a areia. Não acharam nada. Pediram para irmos embora. Ficaram incomodados. Se fuderam!
Construíram prédios com areia e eles caíram. Quem não sabe disso? Quem comprou os prédios não foi indenizado até hoje. Clichê!
Até hoje, até hoje!