Eles resolvem fazer operetas com os gemidos vindos do quarto ao lado. Justamente os gemidos que ouvi de madrugada depois que cheguei tenso, puto, frustrado. Ligo para ela e ouço-a dizer que não quer mais porra nenhuma comigo. Porra. Pego a MPC e componho batidas para a letra de rap que escreverei após vomitar o excesso de cerveja tomado em comemoração a volta de um amigo querido que estava exilado. Sampleia as operetas! Sampleia as operetas! Durmo de cara com a MPC e computador ligados. Sonho com o engravatado discursando: “Temos que reavaliar as noções de comportamento nesta nova fase do capitalismo moderno em que vivemos em territórios fragmentados, com lógicas exógenas, sem regulamentações, permeando a lógica da confusão dos espíritos, o falecimento da moral. Com o perdão da expressão: - Uma tremenda de uma putaria!”. Acordo assustado, todo babado, em cima do teclado e com a voz da minha mãe ecoando: Levanta para tomar café! Resolvo verificar meu e-mail e leio mensagem importante? Abro e vejo a foto de meu melhor amigo enrabando a minha namorada? Ué, ela nem gostava de fazer sexo anal. Sinto uma pontada na cabeça e caio estatelado. Recebi uma pancada de um pedaço de madeira. Minha visão turva identifica minha namorada e minha mãe. Elas cospem em mim. Aaaaaaaaaaaai. Ela coloca a opereta no último volume. Ainda consigo ler os lábios dela dizendo: - Gostou dos gemidos, sogrinha? Ha, ha, ha, ha, ha. Tento levantar e recebo um chute no queixo do meu melhor amigo e desmaio de vez. Talvez seja esse o intervalo que eu precise.......
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