Postura de Insanidade

Soquei o ar e levei uma pernada

me esquivei do mar

e minha auto-estima quase foi afogada

busquei a minha amada

e rolamos pela estrada

nossas roupas enlameadas

são um pretexto pra voltar pra casa

máquina de lavar funciona

nossos quadris impulsiona

fazemos amor

e a chuva não nos abandona

o gozo catapulta

agora estou numa montanha russa

a descida é tão longa

não consigo vestir a carapuça

a gravidade me arranca

os balões me lançam

em alta velocidade eu retoco

toda forma de lógica in loco

tento acordar do sonho

mas nem to sonhando

apenas divagando

olhando, se espelhando

jogando, encestando

nonsense espanto

sem fim no encanto

será mesmo que o amor é tanto?

será mesmo minha genialidade um tesão?

Nem sou gênio

chego nem perto na minha geração

fico agoniado com tamanha decepção

de tentar algo e nem ter ao menos um desenho

corra, os outsiders estão em cena

e eles não aceitam mais os conteúdos da pena.

Errados...

As anotações dizem que há erro

refaço as anotações e ainda há erro

comparo o jeito que estava ontem

e anteontem

talvez teria 3 resultados diferentes

estou correndo das redes sócias

e suas podridões neurais

seu encalços morais

e seus engessamentos abissais

não sou igual

que porra

sou diferente, anormal

bato de frente, animal

olho para os lados

não pago pau

tá

do que adianta me vangloriar

alguém sempre me xingará

preparado para me derrubar

para meu lugar pegar

mas que lugar?

Tanta coisa pra desejar

pode deixar

to meio cansado

meio sujo

mal encarado

o centro nunca foi de meu agrado

esquerda, direita...

sou preto caralho

o corte é essencial pro suingue

o grito é essencial pro revide

e a prosa é essencial para ser livre

vai escrever algo legal hoje?

Vai dizer algo relevante hoje?

Faça alguma coisa

quero consertar o erro

quero mesmo?

Não sorria assim para mim

sabe que vou queimar a mansão né...

droga

os dias e noites no jardim me ensinaram a parar de fumar

também dizer que não devemos pedir desculpa

a quem não quer nossa emancipação

e digo mais uma vez

Sou preto, irmão!!!

E quando se descobre?

E quando nos descobrimos plenos idiotas diante do fato de que todas as condições subjetivas e argumentativas possíveis são derrubadas pela objetividade do fato consumado, ou quase isso. E depois sabemos que nossos momentos não são suficientes capazes de suprir a expectativa de ter vários e vários orgasmos sem hora para sair ou acabar. Sei lá, não sou um ser tão capaz quanto pensava e nem tão sagaz assim para segurar a potência em minhas mãos. Sou falho e a prática demonstrou isso, a ponto de a debandada ser quase que total. Interajo com micro-organismos e recebo poucos estímulos além de auto-enganos bem elaborados. Perco-me em desculpas e culpas alheias e não admito o fato de ser medroso com a carteira assinada antes de nascer. E o que devo fazer já minhas conexões sempre caem pelo fato de as redes não tenham o reparo necessário? E eu caio, e nós caímos. Nos levantamos, resurgimos. Não sei o que será de mim...