Estava distraído quando saiu o segundo gol. As pessoas vibrando e não tive muito trabalho ao não ser atrapalhar a onda. Observava o casal se entrelaçando nas arquibancadas como se o estádio não tivesse lotado. Estava incomodado com o número de pessoas me espremendo, machucando o meu calcanhar ao contato com a arquibancada, pois não se tinha como sentar. Ainda eu tinha a preocupação de ser atingido por copos de mijos voadores que pareciam não acabar mais. O jogo acaba e a ida para casa passa por evitar as ruas onde a porrada estancava. E eu no canto do muro tentando fugir e ainda ser confundido com um brigão. Quase apanhei. Passo pela briga, ouvindo estrondos de gás lacrimogêneo e vendo luzes vermelhas e azuis ao fundo. Foda-se. Em casa, abro a geladeira e pego uma cerveja. Ligo a TV para ver os lances. Penso no casal, pego e celular e ligo para minha mulher. Minha mulher não, um caso que eu tenho. Ligo, ligo, ligo e ela não atende. Deve ter enjoado da minha pica. Resolvo bater uma punheta. Claro que mudo de canal para ter melhor inspiração. Um canal desses de desfiles de lingerie para disputar a atenção dos homens diante do jogo de futebol. Depois de ter gozado, volto para o programa de esportes e vejo um lance que tinha reparado. Putz, meus calcanhares doem. Nunca mais irei aos estádios. Nunca é muita coisa. Só pago agora para as cadeiras numeradas. Vou tomar um banho. Sinto-me sozinho. Mais sozinho do que nunca. Choro. Ninguém está vendo mesmo. Saio do banheiro e anoto os nomes das pessoas que irei zuar no dia seguinte. Ligo novamente, a última tentativa de uma foda. Não consigo falar com ela. Definitivamente não tenho pica boa. Amanhã de manhã comprarei o jornal para ver a nota dos jogadores. Vidinha monótona essa, ein. Vou dormir.
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