terça-feira, 23 de junho de 2009

A Rede


Quando era pequeno, admirava um senhor que na porta de sua residência tecia uma rede com linhas de naylon para pescar. Era um trabalho intenso, meticuloso, bonito. Ficava ali bem cedinho e eu passava para ir para a escola.
A interação das pessoas passa pelo processo de reconhecimento de características comuns. Eu vou gosta de você se de certo modo eu me enxergar em você. E vou odiá-lo se alguma característica em você me incomodar profundamente como se eu soubesse que o contato direto com algo que abomino vai me tornar um ser abominável.
Para prender as pessoas, não usamos redes e sim grades. E ainda isolamo-las para não incomodar. Lógico que existe um aparato de vigilância. Na rede as pessoas se debatem até cansar. Depois elas arregalam os olhos e percebem o olhar inquisidor. O olhar assusta a alma e não se tem muita coisa para fazer.
Os espaços de divisão são o suficiente para que o controle seja eficaz. Ele quer o controle. E a qualquer momento as coisas podem fugir do controle. Assina aqui filho! Está construído a etapa máxima de tentar não sair do poder nem tão cedo. É verdade. A rede é construída com fios de aço.
Talvez a troca entre os pontos seja fundamenta para quem almeja sair da mesmice. E quem entende isso? Muitas pessoas. Eles querem ocupar os espaços, isso eles querem. Todos? Tem que haver espaços para oxigenação.
Ele se orgulha pelo trabalho bem feito. A rede de naylon está pronta para ser usada e sua eficácia será testada em alto-mar. Com certeza virão muitos peixes e se terá o suficiente para a venda e subsistência. Ela vai ter lucro.
Os homens corruptos não sabem tecer redes. Eles pagam para alguém tecer. E quem é pago é incompetente.

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